Por que meus ombros doem?
“Doutor, não fiz nenhum esforço, não caí, não bati, não pego peso, não entendo porque meus ombros doem...”
Todos os dias me deparo com este questionamento. Esta dor não vem da noite para o dia mas sim ao longo dos dias, meses ou até anos utilizando os ombros. Utilizando-os diariamente mais do que sua capacidade. São as ações do cotidiano, como se vestir, tomar banho, dirigir, digitar para quem digita, operar uma máquina para quem opera, cuidar de casa para quem cuida, cuidar de filhos, ou seja, basta viver.
Não nos fora ensinado, mas para realizar todas estas tarefas diárias, precisamos de um mínimo de preparo físico. Neste quesito, vemos a importância do estímulo desde cedo as atividades físicas, esportes e aulas de educação física. É principalmente nesta fase que o corpo humano se desenvolve estruturalmente e define nossa capacidade física e por esta razão que tantas pessoas que não praticavam estes exercícios e/ou continuam não praticando sofrem desde cedo com dores nos ombros. Visto que ao entrar no mercado de trabalho a demanda de uso dos braços acaba sendo maior que seus ombros foram capacitados.
Os ombros possuem uma estrutura singular, sendo a articulação de maior amplitude de movimento do corpo humano e de encaixe articular mínimo, faz-se necessária uma boa musculatura para manter esta articulação estável e firme. Ao utilizarmos esta articulação diariamente, sem o devido preparo muscular, é causada uma fadiga em toda a musculatura e tendões do ombro. O músculo é uma estrutura de fácil recuperação pós esforço, pois possui boa vascularização, porém, os tendões, que unem os músculos aos ossos para realizar os movimentos, são extremamente fortes, mas pobres em circulação sanguínea, sendo assim, não se regeneram rapidamente aos esforços sofridos, acumulando lesão sobre lesão todos os dias em que são utilizados.
Nesta fase o tratamento é o: “fortalecimento do manguito rotador”. São estes os músculos responsáveis por estabilizar a articulação do ombro. Eles são diferentes dos músculos trabalhados na academia, onde o importante é o que “aparece”. Então, se o objetivo é melhorar o manguito rotador, procure o profissional adequado para este trabalho, o fisioterapeuta. Com muita vontade e disciplina, pode-se fazer este fortalecimento em casa, com exercícios específicos para o manguito rotador. O resultado do tratamento vem a longo prazo, 3, 6 meses ou até 1 ano fazendo os exercícios.
Digamos que a dor não ceda, quais os próximos passos? Não acostume com ela. Continue o tratamento, o médico irá orientá-lo, a utilizar vários métodos adjuvantes, como infiltrações, acupuntura, massagens, medicamentos, mas nunca deixe de continuar o tratamento fisioterápico, pois o fortalecimento é a solução.
Caso a dor continue e o tratamento não cumpra seu efeito, a doença do manguito rotador começa a evoluir e após a 3ª década de vida os tendões começarão a se degenerar. Fruto da sobrecarga vivida por vários anos. Esta degeneração significa a perda do padrão fibrilar do tendão, semelhante a uma corda, feita de vários fios, passando a se constituir de uma massa cicatricial de colágeno, com fibras tendíneas desorganizadas, conforme a figura. Nesta condição o tendão perde muito a sua resistência.
A terceira fase da doença, na continuidade do uso dos ombros, é a fase da ruptura. Acontece frequentemente após a 4ª década de vida. Pode ser causada aos poucos, pois as fibras tendíneas, sendo submetidas ao esforço diário, rasgam fibra por fibra até completarem a lesão, ou pode ser de causa abrupta, como após um esforço físico ou uma queda com a mão espalmada ao chão. Nesta situação o tendão é estirado com tal violência que pode romper, devido à sua fragilidade pré-existente.
Caso esteja sentindo algo parecido procure seu médico ortopedista, trate e cuide do seu corpo, a medicina evolui e haverá uma opção para o seu tratamento.
Veja abaixo um vídeo do Dr Fernando explicando sobre a tendinite do ombro!
Veja abaixo um vídeo do Dr Fernando explicando sobre a tendinite do ombro!
Matéria por:
Dr. Fernando Takao Cinagava
CRM/PR 19896 RQE 14293
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