Capsulite adesiva ou ombro congelado

Capsulite adesiva ou ombro congelado




Caso você esteja perdendo os movimentos do seu ombro, talvez esteja com a capsulite adesiva ou ombro congelado, uma patologia que causa limitação para atividades simples e cotidianas, como prender o sutiã, lavar e pentear os cabelos ou pegar algo no banco de trás do carro.

A capsulite adesiva é uma afecção que causa dor e rigidez no ombro, muitas vezes de longa duração e que acomete a população geral com uma frequência de 3% a 5%. Mais frequente no sexo feminino, a idade varia entre 40 e 60 anos e o lado não dominante tem maior incidência. Em 1934, a CA foi caracterizada por Codman, respeitado médico pesquisador do século dezenove, como benigna e autolimitada, cujos sintomas desapareceriam em cerca de dois anos.

A doença foi descrita pela primeira vez em 1872, porém sua etiologia ainda permanece desconhecida. Diversas teorias vêm sendo propostas para explicar esta patologia, sendo que algumas a correlacionam a alterações do sistema nervoso autônomo, todavia, a provável causa seria em decorrência de alterações na cápsula articular uma vez que foi demonstrado espessamento, retração e sinais de processo inflamatórios.

Estudos mostram que diabéticos e pacientes que utilizam benzodiazepínicos (remédios para dormir) têm maior propensão a desenvolver esta doença. Percebo também no dia a dia clínico, uma correlação destes pacientes com níveis aumentados de estresse, ansiedade, preocupações. E na maioria das vezes a presença de uma dor no ombro prévia (bursite, tendinite do ombro).

O quadro clínico apresenta três fases, e cada uma das fases deverá ser considerada para avaliar o estágio da doença e programar o tratamento:

Primeira fase: hiperálgica inflamatória com duração, de dois a nove meses, nesta fase a pessoa sente dor no ombro intensa, mas ainda sem bloqueio dos movimentos.

Segunda fase: entre dois e nove meses, enrijecimento da articulação, dores atípicas noturnas, irradiadas para o braço, distúrbios associados como: irritação, noites mal dormidas, agressividades e incapacidade funcional plena. Nesta fase, o ombro se encontra congelado.

Terceira fase: fase de resolução da doença; descongelamento, melhora da dor, de Amplitude De Movimentos (ADM), da satisfação e da qualidade de vida do paciente.

Como é uma doença autolimitada e benigna, cabe ao médico tentar diminuir o sofrimento causado pela dor e limitação do ombro; e com o tratamento é possível encurtar cada fase desta doença após o seu diagnóstico.

Existem várias opções de tratamento, e passo a passo devem ser aplicadas, assim na falha de um se opta por outra. São prescritos analgésicos e tratamento com sessões de fisioterapia na frequência de 3 vezes por semana, voltadas para a restauração da mobilidade perdida. Os analgésicos ajudariam tanto para facilitar a execução da fisioterapia quanto para a dor basal desta doença.

Se há dificuldade de ganhar o movimento do ombro, a associação de antidepressivos deve ser considerada, pois estes diminuem a dor. Importante ressaltar que o objetivo da prescrição dos antidepressivos é aliviar a dor e não melhorar o humor. Há outras opções possíveis, como bloqueios do nervo supraescapular, este procedimento deve ser quinzenal e realizados no consultório.

Se em 3 meses deste tratamento não houver evolução adequada, ou seja, falha na melhora da dor e mobilidade, estarão indicados um dos dois procedimentos: videoartroscopia do ombro para liberação capsular ou manipulação articular sob anestesia. O objetivo das duas cirurgias é o mesmo, fazer com que a cápsula articular congelada seja liberada, tanto por incisões videoartroscópicas na cápsula (cirurgia minimamente invasiva), quanto por estiramento mecânico capsular, feito pelo médico com o paciente anestesiado, permitindo movimentos não tolerados sem a anestesia pelo paciente, soltando a cápsula por manipulação.

Após esses tratamentos a dor e a restrição articular são em muito aliviadas, porém, é importante manter as sessões de fisioterapia até que se recupere a função normal do membro acometido. É necessário salientar que a cirurgia videoartroscópica ou manipulação podem ser indicadas mais de uma vez, caso seja necessário.

Portanto, caso esteja apresentando esses sintomas, procure a ajuda do médico ortopedista para que seja feito o tratamento adequado, encurtando o seu sofrimento.

Matéria por:
Dr. Fernando Takao Cinagava
CRM/PR 19896 RQE 14293

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